O Brasil seguirá normalmente as relações com os Estados Unidos sob uma eventual presidência do democrata Joe Biden, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em evento promovido pelo Banco Itaú, o ministro afirmou que o relativo isolamento da economia brasileira permite que o resultado das eleições norte-americanas não afete tanto o crescimento econômico do paÃs nos próximos anos.
"Eventualmente, havendo mudança [na polÃtica dos Estados Unidos], me parece que os dados indicam que isso está próximo de acontecer, isso não afeta nossa dinâmica de crescimento de forma alguma", declarou Guedes. Para ele, os eventos externos afetam principalmente os fluxos de investimentos e preços de ativos financeiros, como o câmbio, mas não impactam tanto a economia real.
Na avaliação de Guedes, a retomada do crescimento da economia brasileira depende mais da continuidade das reformas, de privatizações, de mudanças no sistema tributário e da liberalização de marcos regulatórios e de melhorias no ambiente de negócios.
"Particularmente sobre os Estados Unidos, voltando para a questão macro, nós estávamos, e continuaremos trabalhando, com todo mundo. Nós vamos dançar com todo mundo porque nós chegamos atrasados à festa. Queremos dançar com todo mundo. Vamos seguir o nosso relacionamento", disse Guedes.
Sobre as crÃticas da comunidade internacional à polÃtica ambiental do Brasil, Guedes disse haver protecionismo por trás das avaliações de alguns paÃses que subsidiam a agricultura e, na avaliação dele, usam medidas ambientais para manter o protecionismo. "Se, por um lado, existe essa preocupação com o meio ambiente lá fora, no exterior, e isso também pode criar problemas para os investimentos externos, você vê também que há uma pauta disfarçada de interesses comerciais", declarou.
O ministro acrescentou que as questões comerciais podem ser resolvidas por meio de negociações complexas, que exigem maturidade nas discussões. "PaÃses que dão subsÃdios à agricultura e que usam o tema ambiental para esconder a falta de competitividade que eles têm e nos atacam. Por isso é muito importante manter a serenidade e o equilÃbrio durante essas negociações, durante essas conversas", completou.
Sobre o câmbio, o ministro disse que a desvalorização de cerca de 35 por cento do dólar neste ano exige menos reservas internacionais do paÃs. Guedes, no entanto, disse que o governo não pretende queimar reservas em ritmo acelerado.
"Uma coisa é você estar com a moeda [o dólar] a R$ 1,80, R$ 2, R$ 2,20, R$ 2,80, sobrevalorizada claramente. Outra coisa é você estar a R$ 5,50. Aà você não precisa de tanta reserva para defender uma moeda que não está mais sobrevalorizada", disse. "Também não queremos ter muito menos não, nós queremos ser um credor lÃquido internacional, é uma meta nossa. Nós não vamos queimar reservas", comentou Guedes.
As reservas internacionais funcionam como um seguro para o paÃs contra crises externas. Para isso, elas precisam ser superiores à dÃvida externa total (pública e privada) do paÃs. Atualmente, o Brasil tem US$ 354,5 bilhões, contra uma dÃvida externa de US$ 303,7 bilhões.
Informações da Agência Brasil
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