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Poder de compra, inflação, consumo

Poder de compra, inflação, consumo

Já é sabido e notório o impacto que a economia brasileira sentiu e vem sentindo frente à crise provocada pela pandemia da covid-19. Diante disso, expectativas foram criadas em relação à atuação do governo. O que o governo brasileiro faria para minimizar os impactos negativos econômicos, sociais e no sistema de saúde?

E, ademais, quais os reais impactos das medidas e iniciativas governamentais?

O que podemos afirmar é que os impactos das iniciativas governamentais já podem ser sentidos de modo significativo. E aqui, vamos chamar a atenção para a inflação, seu comportamento no ano de 2020, seus efeitos tanto no que diz respeito ao poder de compra, quanto ao consumo propriamente dito. 

Iniciamos o ano de 2020 com uma inflação sob controle, ou seja, dentro da meta esperada pelo Banco Central brasileiro. Entretanto, ao longo dos meses, o que a população sentiu foi o aumento progressivo dos preços de bens de consumo básicos, como a carne, arroz, milho, feijão, dentre outros. Assim, esse aumento dos preços causou uma elevação da inflação, de modo que fechamos o ano de 2020 com uma inflação acumulada (IPCA) de 4,52 por cento, acima da meta prevista de 4 por cento (de acordo com Banco Central do Brasil).

Nos últimos dias, estudo disponibilizado pelo IPEA, a respeito do impacto da inflação por faixa de renda em nossa sociedade, vem chamando a atenção. Já é notório que existe uma grande desigualdade social entre a população brasileira, afinal, somos um país subdesenvolvido. Mas o estudo divulgado analisa o impacto do aumento dos preços, principalmente, dos alimentos, entre as diversas classes sociais. E assim, revela que, ao longo do ano de 2020, houve uma aceleração significativa dos preços dos alimentos e da energia elétrica. Em contrapartida, o preço dos serviços e dos combustíveis, sofreram uma alta, porém, menos acentuada, causando um impacto diferente em cada nicho de nossa sociedade.

No acumulado do ano de 2020, a inflação das famílias de renda muito baixa sofreu um aumento de 6,2 por cento, enquanto que, a inflação para a população de renda mais alta, aumentou em 2,7 por cento, segundo pesquisadores do IPEA. A diferença na inflação acumulada por faixa de renda está diretamente relacionada com a composição dos gastos do orçamento familiar. A esse respeito, é importante mencionar que, a população com renda mais baixa, compromete cerca de 37 por cento do seu orçamento com gastos com alimentos, gás e energia. Por outro lado, os mais ricos, despendem, cerca de 15 por cento do seu orçamento para realizar o consumo desses bens.

Soma-se a isso que, o reajuste acumulado do arroz (76 por cento), do feijão (45 por cento), da carne (18 por cento), do óleo de soja (104 por cento), das tarifas de energia (9,2 por cento) foi mais significativo que os reajustes das mensalidades escolares (1,1 por cento), serviços médicos e hospitalares (1,8 por cento). Também é preciso considerar que, alguns bens e serviços, que ocupam mais espaço na cesta de consumo da população com maior poder aquisitivo, sofreram deflação, como por exemplo, passagens aéreas (-17 por cento) e seguro de automóvel (-8 por cento) (IPEA, 2021).

Diante dos dados apresentados pelo IPEA, percebe-se uma queda no poder de compra da população brasileira mais acentuada entre as famílias com menor poder aquisitivo. Mas, e como isso impacta o consumo? Diretamente, uma vez que, mesmo com o novo reajuste do salário mínimo para R$1.102,00, o mesmo não cobre o aumento inflacionário sentido pela população com renda mais baixa, o que, acaba por diminuir o poder de compra e consequente consumo. Sem contar os efeitos da pandemia como aumento do desemprego, a desvalorização da nossa moeda frente às moedas internacionais e os inúmeros debates sobre manter ou não o auxílio emergencial. Assim, pensar em políticas emergenciais, de assistência e no âmbito econômico é relevante sobretudo para que possamos pensar em normalidade após a vacinação de toda a população.

Temos um longo caminho pela frente!

Autora: Pollyanna Rodrigues Gondin Ã© economista e professora da Escola de Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.

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